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Trabalhoso. Eis que inauguro meu trabalho no blog. Considero uma imensa responsabilidade escrever depois de todos os post’s, até porque vem a carga de ansiedade (quem será que vai escrever?); vem a carga de curiosidade (É ele(a) que vai escrever?); e, junto a tudo, vem a carga de auto-crítica e de receio. Confesso, os dedos paralisam... Aí me recordo dos primeiros amores... Primeiras festas... Primeiros beijos... Primeiros toques no corpo, boca e rosto... São sensações inexplicáveis e inesgotáveis. Excelentes, lógico! O tempo, quando impõe sobre nós as marcas de suas pegadas, mostra a beleza do vivido.
Sim, diante de contribuições fecundas, concordo em todos os quesitos com as palavras de Michel. Ao promover uma reflexão, fazendo uma belíssima analogia entre diferenças, complacência e rosto, foi, ao mesmo passo, um ensinamento-educacional que nos prepara (nós, os leitores) – vou utilizar o espanhol, péssimo por sinal– la mirar às diferenças, e múltiplas existências, das milhares de diferenças que compõem o mundo. E, concordo, que esse blog é, sem dúvida, essa caprichosa leitura: diferença – existência – mundo. Por isso, considero esse primeiro post um beijo.

Estava pensando nela, na verdade sempre pensei. Me perguntava: que dia serei presenteado com seus lábios aguados? Tinha, tinha, tinha... Era um certo nervosismo incalculado, as pernas batiam entre si, batiam, continuavam a bater a tal ponto que subia um frio na barriga. – Para a barriga. Para! Era a fome, ou talvez não fosse. Era o receio, ou talvez não fosse. Era o medo, que talvez só revelado pelo espelho – Será que sou feio?
Configurava seus lábios, feito travesseiro, e testava se nossos encaixes, dos lábios, seriam labiadores de beijos. Queria tanto pedir por eles...
- Quero você, o beijo.
Como pedir?
Talvez beijo, meu filho, não se pede. Beijo vem de supetão! O Beijo arregaça com todo fulgor as almas, instiga os olhos, sacode a imaginação.
Não te peço.
- Espero por uma, qualquer, oportunidade?
Minha imaginação insiste em me responder por você.
Continuo a pensar nela e penso com mais intensidade. Até então a coragem vai se apossando da minha alma tornando-me um predador. Dilacero com toda raiva o medo, e crio novos para não ficar sem algum. Crio nossos diálogos. Crio suas críticas, seus olhos perplexos com a minha loucura. Crio nossas primeiras brigas. Crio o beijo: passeio no parque, quinta a tarde, antes do cair do sol, sol em zênite... Filamos aula – Calma! Ninguém saberá... Pego, medroso, em suas mãos... Esperava mais. Nos sentamos...

O primeiro passo foi dado! Kiss o beijo, imagino diversas reações. Imagino nossos leitores caminhando pelos parques web’s comentando sobre nossos textos. Imagino selarmos, igual ao pacto dos enamorados, nossos textos, os medos, os receios, como espécie do próprio ato criador. Melhor dizer: mistérios da criação, mistérios de criatura. Mistérios do beijo-post’s.


Jorge Raimundo
21 de novembro de 2010.

2 comentários:

  1. Sabe que eu nem sei o que comentar diante de um texto tão bom, então a unica coisa que digo, é meus parabéns Jorge! Primeiro post no Cinco Bics e primeiro GRANDE post!PARABÉNS MESMO!

  1. Brilhante meu querido. Fez-me lembrar das nossas conversas madrugais. Tenho saudades delas.
    Mas nosso diálogo nunca acaba. Como o primeiro beijo ele nos persegue por onde vamos, como marca do que vivemos.

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