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Hoje me deparei com tal pensamento que reflete nas atitudes diárias, nas vontades presentes e naquelas vivas no porvir: o princípio da imortalidade presente no âmago humano. E, assim, me recordo das milhares histórias, dos milhares de mitos e fábulas geradas, tanto na oralidade, quanto na escrita, nas milhões armações de concretos pelas cidades... Nomes humanos, humanos que parecem perfeitamente presentes no plano corpóreo. Grandes obras, grandes artefatos, grandes escritos e conquistas = nomes perpetuados (se bem que existem aqueles que tentam, mas não conseguem).
Buscamos a eternidade em todas as nossas ações ocidentais. Nunca reconhecemos, não conseguimos acreditar, e, assim, instalamos uma pedra sobre esses pergaminhos da naturalidade humana. Não percebemos a nossa “não eternidade”. Mas no que se prende esse princípio da imortalidade? Se tivéssemos o dom da não transitoriedade do corpo para o estado metafísico, valeria à pena apostar nesse encanto? O próprio consentimento da não morte é a certeza da volta, ou ida, a completude?

Existem casais que dialogam, e são de fato filósofos, sobre o princípio da imortalidade...

A mulher aturdida pelo sonho acorda a noite...

- Amor!
- Sim, mainha, (depois de perceber as horas, pergunta) por que é mesmo que tu me acordou?
- Foi para simplesmente te dizer que o amo.
- Poderia me dizer isso amanhã?
- Mas, por quê? Não me ama?
- Oxe, por que essa coisa agora?
- É... É... É (copiando uma frase de Vinícius de Moraes) que "eu não existo sem você!"
(O homem a olha, no fundo escuro da escuridão do quarto, e dos olhos, como se nada entendesse... Ela continua...)
- Te amo eternamente.
(Ele para, pensa e lembra de como foi a conquista, as brigas, os xingamentos, as “infantices”, as lutas corpóreas de sexo – bom e ruim, nunca ao mesmo tempo -, as lutas cotidianas, o cansaço e a sede, e diz pra si mesmo...)
- Construiu em mim aquedutos, monumentos, e por fim rabiscou o seu nome...

Princípio da imortalidade? 

Ou melhor: consumação da eternidade?

P.S: Convido tod@s a ouvirem Eu não existo sem você, de V. de Morais e Tom Jobim, interpretado por Maria Bethânia.  Segue o link para download: http://www.4shared.com/audio/WdCkaWL-/09_Maria_Bethnia_-_Eu_No_Exist.htm

Jorge Raimundo
18 de janeiro de 2011.

2 comentários:

  1. Grande Texto Caro Jorge

    Todos nós, mortais, procuramos um jeito de se eternizar
    Quem sabe com as palavras não conseguimos isso?

  1. Não sei viu Gesner... Até porque as palavras se eternizam quando trazem sentidos, ou melhor, quando finca raízes no âmago do ser. Mas, a questão é: a imortalidade só é vista em construções concretas, construções que ganham vida? E o questionamento do amado, que se confrontou consigo para entender o sentido do amar eternamente falado por sua amada?

    Jorge Raimundo.

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