Eu tenho pensado tanto esses tempos e escrito tão pouco, talvez porque não consiga escrever sobre o que, ou quem eu esteja pensando. Embora ele tenha chegado, a sombra ainda está escondida em algum lugar, e eu não consigo encontrar, se eu ao menos soubesse onde, ficaria mais fácil de clarear essa parte escura que ainda está em alguma parte de mim. Talvez o mistério daquele olhar não permita que essa sombra de dúvidas e incertezas vá embora, o mesmo mistério que me encanta e que me faz ver outra pessoa dentro daqueles olhos, o mesmo mistério, o mesmo sorriso, o mesmo cheiro, talvez seja loucura da minha parte, é que ainda não entendo o que ele representa, estou confusa, eu sinto que deveria ter ido, e não fui. Que deveria ter dito, e não disse, me sinto patética, como uma personagem de livros na banca da esquina, sempre exposta. E simplestemente finjo que não é comigo. A gente fica buscando a felicidade, são tantas tentativas frustradas, e no fim a felicidade é uma coisa tão pequena, simples, é de pele, de sentir na pele uma leveza, um sorriso, uma abraço... Que bobagem não é? Que bobagem! Mas que delícia de bobagem. Se sentir encantado é uma coisa tão gostosa, só não consegui entender se nós gostamos mesmo da pessoa ou das sensações que essa pessoa nos faz sentir? Sinceramente! Não sei... Só sei que gosto de me sentir instigada pelo mistério daquele olhar.
Elenita Rodrigues